quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Marcha das Margaridas reúne milhares de mulheres em Brasília

Manifestação é considerada a maior do mundo na defesa do direito das mulheres.
Coordenadora da Contag afirma que governo tem de ser cobrado por mais diálogo e para que reveja política ecônomica. Mas vê machismo e golpismo em pressão política concentrada na presidenta
por Eunice Pinheiro, para a RBA 
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ARQUIVO/ABR
Marcha das Margaridas
Marcha das Margaridas é considerada a maior manifestação pelos direitos das mulheres no mundo
Brasília – A quinta edição da Marcha da Margaridas foi realizada em um momento delicado para a conjuntura política do país, avalia a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), que organiza o movimento. O objetivo foi apresentar uma pauta de reivindicações que atenda às necessidades das mulheres que vivem e trabalham no campo e se contrapor ao conservadorismo político atual, que pode levar ao retrocesso das conquistas históricas dos trabalhadores brasileiros.

A marcha contou com a participação de 27 federações e 11 entidades parceiras. Entre os pontos principais da pauta, estão o fim da violência contra a mulher e o combate ao uso de agrotóxicos. Na quarta-feira, a presidenta Dilma Rousseff participará de um ato, no estádio Mané Garrincha, onde apresentará o compromisso do governo federal com as reivindicações listadas na pauta do movimento.

Dezenas de milhares de mulheres de todo o Brasil participaram da manifestação. Do Vale do Jequitinhonha, foram 7 ônibus que conduziram 350 mulheres para o evento.

Este movimento tem como grande homenageada a líder sindical da Paraíba, Margarida Alves, assassinada em sua casa, em Alagoa Grande, em 12 de agosto de 1983, com tiros de uma espingarda 12 em seu rosto, quando abriu a porta da casa para atender a um chamado. É um movimento contra toda forma de violência contra a mulher.

A Marcha das Margaridas é considerada a maior manifestação pelos direitos das mulheres no mundo. De acordo com a secretária de Mulheres Rurais da Contag, Alessandra Lunas, nos últimos meses o conservadorismo em diversos setores da política tem dificultado o acesso das mulheres a uma série direitos, como o direito a educação, participação igualitária na política e ocupação de cargos nas esferas decisórias do país – além de colocar em risco direitos sociais já conquistados e a própria democracia. “Chegamos ao ponto de assistir a agressões machistas feitas à presidenta da República, sem nenhum pudor”, afirma.
Para ela, os ataques são um reflexo das diversas formas de violência dirigidas às mulheres no Brasil. Um ataque que vai além do que está sendo verbalizado. “O que nós mulheres vemos hoje é uma ofensiva raivosa contra o governo, mais do que algo real que esteja acontecendo. A gente sabe que tem segundas intenções neste processo.”

Alessandra afirma que os movimentos sociais não devem deixar de cobrar o governo federal para que reveja posições na área econômica que estão comprometendo o orçamento de políticas públicas e o crescimento econômico. Mas vê nos ataques da oposição a tentativa de atingir e desmoralizar todo o governo por questões de disputada partidária, sem nenhuma preocupação com a consequências para o país. “Quando se diz, com a prisão de José Dirceu, que o alvo é atingir quem o comandava, o recado já está sendo dado. Só não vê quem não quer”, afirma.

Em relação à presidenta Dilma, a dirigente da Contag avalia também que o machismo é um fator de peso nessa pressão política focada exclusivamente nela. E isto tem sido demonstrado em diversos momentos, como o tratamento desrespeitoso contra ela, manifestado em diversos momentos, como o que aconteceu durante a abertura dos jogos da Copa do Mundo e as próprias piadas envolvendo a figura da presidenta.

Para Alessandra, o momento é preocupante e exige uma reação efetiva da militância nas ruas, principalmente porque envolve a defesa da democracia e das conquistas históricas dos trabalhadores.

Marcha das Margaridas debate autonomia e igualdade para mulheres trabalhadoras

Ex-presidente Lula participou da abertura da Marcha das Margaridas (Fotos: Fabio Rodrigues Pozzebom /Agência Brasil)

Com reivindicações como o enfrentamento à violência contra as mulheres, políticas públicas para mulheres do campo, autonomia econômica e defesa da agroecologia, além da preservação da cultura das camponesas, foi realizada nesta terça, em Brasília, a cerimônia oficial de abertura da 5ª Marcha das Margaridas.

De acordo com Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura (Contag), cerca de 20 mil pessoas de vários estados participaram do evento no Estádio Nacional de Brasília, Mané Garrincha.

Presenças também do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva os ministros da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto, do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, da Previdência, Carlos Gabas, do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, da Pesca, Elder Barbalho, da Secretaria de Política para as Mulheres, Eleonora Menecucci, e da Saúde, Arthur Chioro. 

A manifestação é considerada como de apoio ao ex-presidente Lula e presidenta Dilma.

A Marcha das Margaridas ocorre desde 2000 em homenagem a Margarida Maria Alves, assassinada por latifundiários no dia 12 de agosto de 1983.

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