sexta-feira, 8 de agosto de 2014

População de Medina fecha BR 116 para reclamar da violência

Moradores da cidade de Medina, no Médio Jequitinhonha, nordeste de Minas, fecharam hoje (08/08), a BR 116 para reclamar dos altos índices de violência que o município vem apresentando. O estopim da revolta foi o brutal assassinato de um senhor de 94 anos dentro da residência dele. Tudo indica que o assassino tenha entrado na residência para roubá-lo. Segundo testemunhas, o idoso foi agredido com um pedaço de pau principalmente na região da cabeça, tendo espirrado sangue na parede do quarto onde a vítima se encontrava.



Também aumentaram o número de roubos à mão armada a motocicletas na zona rural através de emboscadas. Furtos de motocicletas são comuns no município. Estes geralmente acontecem quando os criminosos encontram o veículo estacionado em algum local com as chaves na ignição ou fazem ligação direta. Em algumas modalidades, os autores saem empurrando as motos das vítimas sem que estas vejam.

O número de roubos à mão armada em lojas, a pessoas que estão caminhando pelas ruas ou a entregadores de lanches também cresceu. Em sua maioria, os crimes são cometidos por menores, o que dificulta porque mesmo que a polícia os prenda, esses menores são liberados, pois só são presos em flagrante de crimes como homicídio.

Um policial que não quis se identificar disse que este é um problema do país inteiro. 
"A maioria dos crimes é cometida por menores que só podem ser presos em flagrante de grave crime contra a vida. Quando são presos por crimes como roubo ou porte ilegal de arma de fogo, os delegados são obrigados a soltá-los. A prisão deles depende de um mandado judicial e em qualquer caso, o sistema prisional tem de encontrar um local apropriado para internação de menores no prazo máximo de 5 dias ou o magistrado é obrigado a soltá-los. A prisão preventiva de menores, que é aquela que acontece antes do menor ser julgado, só pode durar 45 dias e a justiça demora em média 6 meses a um ano para julgar um caso destes. Após serem condenados, os menores ficam presos por no máximo 3 anos independente da crueldade com que o crime foi executado. Crimes que geram uma reclamação muito grande da sociedade como os furtos não resultam em prisão em flagrante. Então o que acontece é que o criminoso comete quantos furtos ele quiser e o máximo que vai lhe ocorrer é ser levado pela polícia militar até a delegacia e em seguida liberado para voltar a furtar. Outro problema são os viciados em drogas que encontram pouca oportunidade de recuperação pelo estado. Como geralmente são pobres, não tem como pagar uma clínica particular e quando procuram o poder público, o que é difícil, ainda enfrentam filas. Independente disso, a maioria não quer se tratar, o que demandaria uma internação compulsória do doente. Esses causam a maioria dos furtos. Hoje, quase não existem pessoas furtando para comer. Esses usuários chegam a furtar bicicletas e motos e trocar por uma ou duas pedras de crack avaliadas em R$ 10,00 cada uma."

Uma estudante de Direito que também não quis se identificar alegou "o Estado diz que a solução não é prender, contudo ele não apresenta a outra solução e deixa a população sendo fustigada por criminosos. Já não temos segurança de deixar nossa casa sozinha porque somos roubados. Quando saímos nas ruas, somos assaltados e até quando estas pessoas chegam a ser presas pela polícia, elas voltam pra rua como se nada tivesse acontecido. Os benefícios de progressão de pena também são outro problema. Os presos já saem de lá cometendo outros crimes. Deveria haver uma forma mais justa de verificar quem realmente melhorou o seu comportamento."

Comerciantes afirmam que não se sentem mais seguros. Eles dizem que qualquer pessoa que aparente estar agindo de forma estranha próximo a seus estabelecimentos já é motivo de pânico.

Um servidor da área de segurança pública afirmou que a justiça chegou a um ponto de sobrepor os direitos dos criminosos ao das vítimas. Segundo ele, "uma vítima que é roubada sendo agredida e passando o medo de ter uma arma apontada pela sua cabeça geralmente não conseguem recuperar nem o bem que lhe foi roubado. Enquanto isso, qualquer denúncia de violação ao direito do preso já é motivo para inutilização de provas e relaxamento de prisão. Se tornou tão banal que as pessoas começaram a mentir dizendo que foram agredidas no momento da prisão só para desqualificar o serviço policial. E o mais triste disso é que advogados se prestam a essas falsas denúncias. Certa feita, uma mulher foi a promotoria para denunciar que os policiais tinham agredido os moradores da casa durante um cumprimento dum mandado de busca e apreensão. Imagine qual foi a surpresa da mulher denunciante quando foi informada de que o promotor estava presente na ação e que não havia presenciado nenhuma agressão."



Fonte: http://www.pedraazul-mg.com/2014/08/populacao-de-medina-fecha-br-116-para.html

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