terça-feira, 31 de julho de 2012

Mais de 1.200 garimpeiros exploram ouro e diamantes no Rio Jequitinhonha

A maioria diz lucrar em torno de R$ 1.000 por mês. Mas quando a apuração - nome dado ao processo final da extração, na peneiração do minério - é boa, eles chegam a receber R$ 25 mil de uma só vez.
A maioria diz lucrar em torno de R$ 1.000 por mês. Mas quando a apuração - nome dado ao processo final da extração, na peneiração do minério - é boa, eles chegam a receber R$ 25 mil de uma só vez.

A extração de diamante, que deu origem à cidade de Diamantina, no Alto Jequitinhonha, e gerou riquezas durante séculos, parecia quase adormecida em livros, museus e na memória de moradores da cidade.

Mas a descoberta de pedras preciosas em uma área conhecida como Areinha, às margens do rio Jequitinhonha, até pouco tempo explorada apenas por grandes empresas, vem fazendo reacender a mineração local pelas mãos de pequenos garimpeiros da região.

A atividade no território começou de forma discreta e clandestina, no fim de 2007, quando a Mineração Rio Novo - subsidiária da Andrade Gutierrez -, que tem até hoje o direito de exploração da lavra, encerrou os trabalhos por considerar que ali já não havia mais lucro.

Mas o que já não era rentável para uma empresa de grande porte, vem enchendo o bolso dos garimpeiros.

Hoje, a área já reúne aproximadamente 1.200 trabalhadores, que vivem ali de maneira irregular, sem autorização para extração ou permanência no local. Já são 300 bombas de sucção instaladas às margens do Jequitinhonha.

E é na areia e nos restos de cascalho deixados pelas companhias que os trabalhadores encontram diamante e ouro.

A maioria diz lucrar em torno de R$ 1.000 por mês. Mas quando a apuração - nome dado ao processo final da extração, na peneiração do minério - é boa, eles chegam a receber R$ 25 mil de uma só vez.

A reportagem passou três dias na cidade, acompanhando o trabalho dos exploradores.

Na última terça-feira, conheceu o garimpeiro Ademar Ribeiro Júnior, 23, assim que ele achou três pedrinhas de diamante, cada uma com cerca de 1 grama (que ele diz vender por R$ 85 cada). "Qualquer quantidade de diamante já deixa a gente feliz demais", diz, com um sorriso largo.

O ouro, subproduto do diamante, também tem gerado lucro. Ele conta que sua melhor apuração na Areinha rendeu R$ 10 mil para cada trabalhador.

Regularização
A Cooperativa Regional Garimpeira de Diamantina (Coopergadi) tenta um acordo com a Mineração Rio Novo desde 2009 para regularizar a atividade. "A situação fugiu do controle. Tem gente ganhando R$ 1 milhão no mês e outros, nada. Queremos dividir os lucros", afirmou o presidente da Copergadi, Raimundo Luiz de Miranda.

Atividade movimenta economia
A exploração na Areinha está movimentando a economia da região.

O presidente da Associação Comercial e Industrial de Diamantina (Acid), Guilherme Coelho Neves, diz que o impacto do garimpo é inegável, principalmente nos setores de automóveis, combustíveis e manutenção de máquinas e equipamentos. "Hoje, a mineração voltou a ser fundamental para o comércio", diz.

O vendedor Sidimar Guedes, que trabalha em uma concessionária da cidade, comemora o aquecimento das vendas . Ele diz que as caminhonetes mais caras são as mais procuradas. "Tem garimpeiro que chega aqui com R$ 30 mil em dinheiro e paga à vista".

Satisfeito com o crescimento, o secretário Municipal de Meio Ambiente, Marcílio Almeida, que falou em nome da prefeitura, quer que a área da Mineração Rio Novo, que encerrou as atividades na cidade, mas ainda tem o direito à exploração, seja repassada aos garimpeiros.

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Fonte: O Tempo

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